Havia outrora, em país situado para além do Ganges, um rei muito rico e orgulhoso.
Todos os dias deixava o monarca o grande palácio em que vivia e, fazendo-se acompanhar de uma aparatosa guarda de cavaleiros, percorria as ruas da cidade distribuindo esmolas, atirando moedas de ouro aos pobres e necessitados.
- Como é caridoso o rei! - diziam. - Quanta bondade! Que coração magnânimo?
E não se apontava um só habitante capaz de negar as qualidades altruísticas do dadivoso soberano.
Um dia surgiu na cidade um velho sacerdote que andava pelo mundo em peregrinação, ensinando aos homens as grandes verdades do livro de Deus.
Ao notar a ostentação descabida com que o rei dava esmolas e a maneira espetaculosa como exercia a caridade, o bom ancião observou:
- A caridade no coração desse rei vaidoso é como a areia atirada sobre o rochedo nu!
E, como os seus numerosos ouvintes não tivessem percebido o sentido exato de suas palavras, ele explicou:
- Aquele que dá esmolas por ostentação é semelhante ao rochedo coberto de areia. Vem a chuva, lava a pedra lisa, e não se encontra depois senão a rocha dura e inabalável. Assim, o coração desse rei é duro como o rochedo; há apenas, sobre ele, essa poeira de esmola feita de vaidade e ostentação!
Bem dizia o poeta:
“Se queres que a caridade avulte
e se engrandeça aos olhos do Senhor,
leva na mão benfazeja
socorro a quem quer que seja, conforto seja a quem for.
Mas dize à mão que se oculte para que o mundo a não veja...”
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