quinta-feira, 6 de outubro de 2011

A Força do Brandura

  Certa vez o Sol e o mau vento do Norte entraram a discutir para saber qual dos dois era mais forte.
Muito tempo altercaram, até que decidiram experimentar as forças num viajante que, nesse momento, cavalgava pela estrada afora.
- Olha, disse o vento, vou lançar-me sobre ele e, num instante, arranco-lhe o casacão.
Eis o que ocorreu. O vento sopra com toda a violência. Quanto mais se esforça, porém, mais se embuça o viajante resmungando contra a nortada e andando para adiante.
O vento enfureceu-se e cobriu de neve o pobre homem. Amaldiçoando aquele vendaval, o cavaleiro enfiou os braços nas mangas da véstia, apertou-a contra o peito e afivelou-a na cintura.
Então, o Sol, vendo o desastre do seu rival, sorriu, apareceu atrás das nuvens, derramou seus raios, secou a terra e, ao mesmo tempo, aqueceu e enxugou o pobre viajante, já quase gelado. Este, tendo sentido o calor dos raios solares animou-se, abençoou o Sol e despiu o casaco, dobrando-o e atando-o à garupa da sela.
- Vê - disse então o Sol ao vento maldoso, - vê agora que com brandura e bondade se pode fazer mais do que com violência e maldade.
Quem, na verdade, resistirá à força imensa da brandura e da bondade?
A força, o saber, a beleza não fazem, sem a bondade, conquistas duráveis no domínio das almas.
O homem inclina-se perante o talento, mas só se ajoelha diante da bondade.
A bondade proporciona a alegria mais fecunda da vida.
Sofreis a injustiça de um mau? Perdoai-lhe, a fim de que não haja dois maus.
Não serás julgado pelo muito que souberes, mas pelo bem que fizeres.
Se amares, serás amado. Se servires, serás servido. Se temeres, serás temido. Se te portares bem para com os outros, convém que os outros se comportem bem para contigo. Mas, bem-aventurado é aquele que verdadeiramente ama e não deseja ser amado. Bem-aventurado é o que serve e não pretende ser servido.
 

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