O schnorrer bateu, sem-cerimônia, e insistiu em falar, em caráter muito confidencial, com o dono da casa.
- Não vim pedir esmolas - afirmava ladinamente, em voz baixa. – É assunto de negócio. E de grande negócio.
Introduzido no escritório do usurário, o esfarrapado mendigo fechou cautelosamente a porta e disse, simulando grande mistério:
- Quanto daríeis por um diamante límpido e perfeito, em forma de rosa e do tamanho de uma azeitona?
A cobiça flamejou no coração do avarento. Interessava-o a compra da pedra. Achou, porém, preferível recalcar o seu interesse, pois naquele momento qualquer precipitação de sua parte faria subir o preço da mercadoria. Era preciso, antes de tudo, agradar o vendedor; cativá-lo com finuras e obséquios.
E o avarento disse ao mendicante, com ar luminoso e afável, a voz impregnada da mais familiar cordialidade:
- Bem vejo que estás cansado. A tua jornada foi longa. O momento não é oportuno para transações. Convido-te para o sábado. Ficarás em minha companhia. Depois conversaremos com mais vagar.
Ao escurecer, terminado o sábado, voltou o usurário a falar com o schnorrer e mostrou-se, finalmente, empolgado pelo desejo de ver a pedra. O mendigo encolheu os ombros num gesto de indolência e cinismo:
- Acaso eu vos disse que tinha um diamante? Perguntei quanto me pagaríeis por um diamante límpido e perfeito, em forma de rosa e do tamanho de uma azeitona. Quero estar informado com toda segurança do preço, pois pode suceder que encontre uma gema com tais predicados, e seria feliz em vendê-la dentro de uma justa avaliação.
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